O padre voador a quem a Inquisição cortou as asas






O padre voador a quem a Inquisição cortou as asas

(Expresso Primeiro Caderno, 08 Ago 2009)

Rui Cardoso


Alvo da chacota dos ignorantes que o rodeavam, acaba por partir para a Holanda em 1713, de onde regressa três anos depois. Apesar da protecção de D. João V e de alguns espíritos mais abertos, como o duque do Cadaval e o marquês de Fontes, a sua ascendência brasileira e mestiça, a proximidade com cristãos-novos que a inquisição viria a perseguir (caso de António José da Silva, dito “o Judeu”), causam-lhe sucessivos problemas que culminam, em Setembro de 1724, com um escândalo envolvendo freiras do convento de Odivelas, próximas da corte.

Segue-se uma aventurosa fuga a pé para Espanha, morrendo de esgotamento e doença em Toledo, em 1724. Da sorte dos seus documentos pouco se sabe. Joaquim Fernandes admite que um irmão, o diplomata Alexandre de Gusmão, os tenha cedido, em Paris, ao astrónomo português José Soares de Barros, amigo dos irmãos Montgolfier.

Assim, desaparecia aos 39 anos um homem que, como sublinha Joaquim Fernandes, teve o azar de ter chegado a Lisboa demasiado cedo. Em Junho de 1784, o sábio Domingos Vandelli, chamado pelo marquês de Pombal para modernizar a Universidade, mandava lançar em Coimbra uma máquina aerostática.




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