Bocage e o Nicola




Lugar de intercâmbio de ideias, debates literários e propaganda de opiniões, é assim que podemos definir um dos cafés mais frequentados do séc. XVIII – o Café Nicola.

O Café Nicola pertence a tipo de estabelecimentos com o seu charme característico, que marcaram diferentes épocas, foram ponto de encontro e, muitas vezes, de partida para movimentos sociais, políticos e culturais. Pela porta de Cafés como este, “A Brasileira”, o “Marare”, o “Martinho da Arcada”, entre tantos outros, passaram algumas das mais emblemáticas figuras públicas. Hoje, alguns vão subsistindo, constituindo-se como verdadeiros refúgios onde ainda se consegue imaginar o seu passado vibrante.


O Café Nicola é por excelência um dos cafés mais literários de Lisboa.. Existe desde finais do século XVIII. Fundado em 1787, no Rossio por um italiano, Nicola Breteiro, é um dos estabelecimentos mais antigos de Lisboa. É referenciado na «Gazeta de Lisboa» nesse mesmo ano e, o mesmo periódico, menciona uma «liquidação da loja grande de bebidas do Café Nicola», em Julho de 1794. Neste botequim vendiam-se cafés e refrescos e era um local frequentado por jacobinos e maçónicos.

Tendo como alcunha “Academia”, devido ao largo leque de intelectuais que o frequentavam, o Nicola teve um frequentador que se destacava por entre todos outros. Esse homem era Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Um dos episódios mais engraçados da vida deste autor aconteceu precisamente à frente do Nicola: conta-se que um polícia lhe perguntou quem era, donde vinha e para onde ia, ao que o espirituoso poeta respondeu:

“Eu sou Bocage
Venho do Nicola
Vou p’ro outro mundo
Se dispara a pistola”.
 

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