Intertextualidades: Pêro da Ponte, Adília Lopes, Catarina Nunes de Almeida



Se eu podesse desamar
a quen me sempre desamou,
e podess'algún mal buscar
a quen me sempre mal buscou!
Assí me vingaría eu,
     se eu podesse coita dar,
     a quen me sempre coita deu.

                                                              Pêro da Ponte

Não podemos
desamar
quem nos ama

Se nem
quem nos desama
podemos desamar

                                                                    Adília Lopes


Se eu pudesse desamar
destecer as barcas dos autos de Inverno -
frota de cabelos esparsos
por entre águas vertebradas
nas tuas pernas
perdição dos peixes.
Se eu pudesse digerir a cidade depois do teu nome
aparar a plumagem que me separa dos animais
e cair para dentro deles
num abraço escavado por eles
disponível para a idade para a margem da lavoura
onde nunca se aviste
o mar.

Catarina Nunes de Almeida

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